3º C

O anão obeso na loja das gomas           


No país dos sete sabores tudo era colorido e cheirava a gomas. Nas árvores da floresta, em vez de crescerem frutos, cresciam gomas de todas as cores. As nuvens eram feitas de algodão doce e as flores eram chupa-chupas coloridos de todos os sabores.
            Por todo o lado corriam animais muito felizes de olhinhos vivos e orelhas arrebitadas.
            Pelo meio da floresta corria um rio feito de sumo de frutos que saltava destemido, pedrinhas e até grandes rochas. Nesse rio moravam muitos peixinhos que serviam de alimento a muitos animais da floresta. Nas suas margens viviam sapos e rãs que cantavam em coro noite e dia.
            Numa cabana, à beira do rio, vivia o Horácio. Ele era um anão carrancudo e mal disposto. Vivia sozinho porque ninguém suportava o seu mau feitio. Ele, além de ser pequeno era muito gordo e alvo de chacota de todos.
            Todos os dias o Horácio colhia gomas das árvores e ia vende-las na sua loja da cidade. Lá vendia gomas com sabor a morango, laranja, frutos silvestres, tuti-fruti, Coca-Cola, baunilha, etc. Claro está que ele era muito gordo por algum motivo, ele passava o dia a comer guloseimas.
            Alguns dias regressava à sua cabana tão mal disposto, que não tinha vontade de cumprimentar ninguém e se alguém lhe falava ele era resmungão, mal-educado e inconveniente. À noite, quando apagava a luz, chorava desgostoso com a sua aparência e com o seu mau feitio. Sentia-se muito só, sem amigos com quem brincar. Sonhava com uma fada que o ajudava a encontrar uma solução para a sua vida.
            Um dia, quando regressava a casa com o estômago cheio de gomas, reparou que tinha pisado qualquer coisa que despertou a sua atenção. Voltou atrás e, debaixo das folhas secas, viu o reflexo do último raio de sol que ainda espreitava por detrás de uma nuvem, antes de se pôr. Era um espelho com uma moldura muito bonita, mas já enferrujada pela sua idade. Levou-o consigo e pô-lo em cima da cama. Passou a noite a ver a sua imagem reflectida no espelho, e cada vez ficava mais triste e desiludido com a sua aparência. Já quase de madrugada ouviu umas palavras que o despertaram. Era o espelho que o tentava ajudar:
            - Procura a flor da vida! Só ela te ajudará a seres feliz.
            Horácio ficou muito ansioso e encheu-se de esperança e vontade de a encontrar. Mal acordou levantou-se e pôs-se a caminho. Andou, andou durante horas a fio e, já quase exausto, sentou-se um pouco a descansar.
Passaram por ali sete duendes de orelhas arrebitadas que regressavam do seu trabalho, eram lenhadores da floresta. Eram criaturas alegres e bem-dispostas. Cumprimentaram-no e perguntaram:
            - O que fazes por estes lados? – eles nunca o tinham visto por ali.
            Horácio respondeu:
            - Procuro a “Flor da Vida”, que eu acho que me vai ajudar a mudar o meu destino.
            Os lenhadores retorquiram:
            - Fala baixinho, nós podemos ajudar-te, mas se a feiticeira Malduvina ouvir, não te deixa alcançá-la porque a quer só para ela e guarda-a fechada no seu castelo.
            - Nós vamos dar-te o mapa do castelo e este medalhão que abre portas. Deves dirigir-te ao castelo depois da meia-noite, quando a Malduvina estiver a preparar os feitiços para o dia seguinte.
            Horácio agradeceu e, cheio de esperança, pôs-se de novo a caminho.
            Finalmente encontrou o castelo e, com a ajuda do mapa, percebeu que a “Flor da Vida” se encontrava nas masmorras do castelo fechada numa jaula.
            Ao ver Horácio, a “Flor da Vida” sentiu uma grande alegria em poder ajudar alguém, porque há muito tempo que estava prisioneira da feiticeira que só a usava para o mal.
            Quando a Malduvina veio buscar a flor para a usar nos seus feitiços o Horácio seguiu-a. No momento em que a feiticeira pegou na flor Horácio empurrou-a e fez com que ela bebesse do seu próprio feitiço. Com a ajuda da flor, a malvada transformou-se num belo jantar saudável.
            Depois de ter comido aquele manjar e derrotado a feiticeira, os dois dirigiram-se para a floresta. A “Flor da Vida” transformou todas as gomas das árvores em verduras e frutos frescos e sumarentos. O anão passou a vender na sua loja os frutos das árvores e a alimentar-se de peixes, hortaliças e outros alimentos saudáveis.
            Assim, Horácio emagreceu, cresceu e ganhou boa disposição. A partir daí conquistou amigos e viveu feliz durante séculos e séculos.


História elaborada pelos alunos do 3ºC
Inserida no projecto “As TIC na Língua Portuguesa”



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